terça-feira, 25 de janeiro de 2011

LINGUAGEM - "Violação dos direitos comunicativos"


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 Sabe aquela aula em que você tem a impressão de que não está acontecendo nada? Então, há uma grande chance de que o problema seja a violação dos direitos comunicativos.  De acordo com o professor Francisco Gomes de Matos, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco e escritor de vários livros sobre questões de linguagem, há a violação dos direitos comunicativos em sala de aula quando:

1. Interrompemos indelicadamente alguém que esteja falando.  

2. Uma pessoa é impedida de pedir explicações (às vezes, precisamos “explicar nossas explicações”!).

3. Conversamos com uma pessoa, como se fosse um diálogo privilegiado, em vez de compartilhado pelo grupo inteiro. Quantas vezes, os professores esquecem que o comunicar é, antes de tudo, um compartilhar e que, por isso, precisa evitar o hábito questionável — se frequente — de dialogar apenas com um(a) aluno(a), esquecendo-se, por alguns minutos, das outras pessoas que estão na sala, como co-aprendizes.

4. Fala-se para o grupo, em vez de “com” o grupo. Este princípio reflete a natureza cooperativa da linguagem humana: somos criaturas comunicativas que dependem umas das outras para a comunicação eficaz. O professor precisa aprender a monitorar o que diz em aula, principalmente para transformar o questionável hábito de “eu falo, vocês ouvem, escutam prestam atenção, etc.” em “aprendemos através de uma interação efetiva e afetiva”. É preciso estar bem consciente da diferença entre o “comunicar a/ para” e o “comunicar com...”. A primeira alternativa reflete um estilo comunicativo autoritário, a segunda constitui o reconhecimento de que somos parceiros comunicativos, com direitos e deveres.

5. Deixamos ligados nossos telefones celulares durante a aula, deles fazendo uso e, assim, perturbando o clima de comunicação.

6. O professor não responde a perguntas reveladoras de ansiedade, expectativas de alunos. Exemplo: Como seremos avaliados? Qual o sistema avaliativo a ser adotado, com base em que critérios, etc?

7. Fazemos comentários discriminatórios sobre o modo de falar/escrever/ ler de alguém.

8. Os alunos são privados de interagirem face-a-face. A disposição tradicional de cadeiras em filas é um tipo de anticomunicação que precisa acabar, se quisermos fazer da sala de aula um reflexo do que ocorre no mundo lá fora.


 





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